sexta-feira, 21 de maio de 2010

carta pra você

Nada me lembrou mais o que você escreveu do que uma música (depois de ter você), uma de tantas que embalaram velhos tempos, talvez seja por que se eu continuar a ouvir a sequência que toca no meu mp4, ele virá logo em algum momento, assim como tantas outras, assim como nesse momento ouço Chico César. Das quais eu escute quase que diariamente.
Talvez eu goste de sofrer, talvez eu goste de lembrar de você, de te sentir por perto, de sentir saudade... talvez, talvez.
Não sinto que elas foram tiradas de mim, nem de ti. (tive que parar de escrever... pra te dizer que agora ouço Marisa Monte “mesmo na distancia meu pensamento voa longe demais”) Agora começou a tocar uma de Cazuza, que você nunca entendeu... Pra que mentir Fingir que perdoou Tentar ficar amigos sem rancor A emoção acabou Que coincidência é o amor.
Vou parar por aqui, por que já estou em Belchior, e todas as músicas acabariam com pausas, tão dramáticas quanto uma novela de Manoel Carlos....
Elas continuam aqui, tocando, diariamente, como sempre foi. E elas só fazem me mostrar das coisas que um dia eu tive, e não que eu tenha perdido elas. Dos males, as músicas são os menores.
Ainda não soube ajeitar a minha vida, ainda ando sem rumo, sem sonhos... sem saber o que fazer. E não quero pensar que perdi amigos, amores, livros, filmes, poesias, canções, sonhos, filhos, sorte, cores... muitas cores.
Pensar assim tornaria minha vida muito vazia, mas eu ainda tenho pequenas coisinhas simples que eu amo, e que sempre me fazem feliz por pouco. Como o sorriso da minha mãe de manhã, uma ligação de Nina numa sexta a noite, uma bola gorda branca que me espera todo dia na porta quando eu chego do trabalho, que chora toda vez que eu saio para ir trabalhar. Os miados de pepininho, as conversas de Pêpa....
Sobre a gorda, ela é sua, e nunca vai deixar de ser. E você tem o direito de buscar ela. È muito triste te dizer isso, eu já começo a chorar em saber que eu não vou e nem posso ficar com ela. Que depois que você levar ela, eu nunca mais verei, e se vir, ela não vai nem lembrar de mim. E que provavelmente ela venha amar outras pessoas, ela venha esperar outras pessoas no portão, e não a mim.
E por mais que os dias passem, as noites caiam um vazio continua... e no meio dessa multidão toda, entre, carros, chuvas, assaltos e o mundo que não para. Eu me vejo procurando um lugar no qual me encaixe, onde se tenha mais cores que o preto.
Ainda bem que eu não vejo vacas por aqui, pois seria uma tortura, mas hoje mesmo eu achei um Tordilho, daquele, do jeito que um dia eu te falei...